FATOS CURIOSOS SOBRE O ANTIGO EGITO


PARTE DOIS


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ESCARAVELHO DE TUTANKHAMON Pesquisadores italianos descobriram que
o escaravelho central de um dos peitorais do faraó Tutankhamon (c. 1333 a 1323 a.C.) achado por Howard Carter, cujo detalhe vemos ao lado, não é uma pedra "verde-amarelada de calcedônia" como Carter a descreveu, mas vidro silicoso do deserto líbio, um vidro natural que só existe no deserto ocidental, uma das regiões mais remotas e inóspitas da Terra. O escaravelho de Tutankhamon demonstrou que havia uma certa comunicação entre o deserto ocidental e o vale de Nilo durante o curto reinado daquele faraó. Sabe-se que entre 2735 e 2195 a.C. os egípcios exploraram minas de ouro e de esmeralda nas montanhas do deserto oriental, entre o Nilo e o mar Vermelho. Mas não se imaginava que vidro silicoso do deserto pudesse surgir entre as pedras preciosas do faraó. Para consegui-lo, os antigos egípcios teriam que viajar por 800 km de deserto, a metade deles sem quaisquer oásis. A verdadeira natureza do material do escaravelho foi revelada medindo-se o índice de refração que foi comparado então com o de outros pedaços de vidro silicoso. Esse material tem, provavelmente, origem celeste, produzido pelo impacto na areia de um meteorito ou cometa e se espalha por uma área de cerca de 24 km de diâmetro. Como nenhuma cratera foi encontrada, acredita-se que o material poderia ter sido produzido por uma explosão de baixa altitude de um asteróide ou cometa. O calor da explosão pode ter derretido material superficial que, então, resfriou-se rapidamente formando o vidro. O elaborado motivo do peitoral, que simboliza a viagem do sol e da lua pelo céu, acrescenta um novo mistério: teriam os antigos egípcios adivinhado as origens celestes do vidro do deserto? Para ver o peitoral inteiro, clique aqui.

DETALHE DA PALETA DE NARMER Um estudo minucioso efetuado em 1999 na famosa paleta de Narmer revelou um detalhe curioso e indicador da horrível mutilação praticada nos inimigos do faraó. Não apenas a decapitação, mas também a castração foram empregadas para assegurar que o morto jamais pudesse renascer no além-túmulo. Descoberta em 1898, a paleta é uma peça de ardósia com 50,8 cm de altura enfeitada com cenas de conquista. Uma das faces mostra Narmer agarrando o cabelo de um inimigo derrotado e pronto para abatê-lo. A outra face exibe o faraó em procissão triunfal, precedida por porta-estandartes. Frente ao desfile estendem-se os corpos acéfalos de dez inimigos anônimos, com suas cabeças colocadas entre seus pés e tendo os braços atados, cena reproduzida ao lado.
O curioso é que as cabeças, embora minúsculas, estão esculpidas cuidadosamente com barbas, olhos e sobrancelhas. Todas, menos uma, estão coroadas com um estranho objeto em forma de lingüiça. Quando essa obra de arte foi descoberta por J. E. Quibell, ele identificou o objeto como um boné com dois bicos, enquanto que o grande egiptólogo Flinders Petrie sugeriu que fosse a pele e os chifres de um touro.



DETALHE DA PALETA DE NARMER
A inspeção mais recente mostra, porém, que Quibell omitiu um detalhe vital no desenho que executou: a cabeça na qual falta o objeto na forma de lingüiça está justamente entre os pés da única figura mostrada com o pênis no lugar — a primeira à esquerda na figura acima. Em outras palavras, apenas nessa cabeça está faltando o objeto enigmático porque o "objeto" ainda está em seu lugar original, o que se torna claramente visível nas boas reproduções fotográficas da peça. Portanto, os objetos sobre as outras cabeças são, com certeza, os membros perdidos dos outros guerreiros. Decapitando e castrando, o faraó decretava a absoluta humilhação do inimigo e sua extinção total neste e no outro mundo. Sua mensagem era clara: Narmer, o rei, é o vencedor inegável. Os inimigos jamais renascerão. A morte eterna é o destino de quem desafia o faraó.

Na região do Fayum, próximo da cidade de Crocodilópolis, os arqueólogos descobriram um templo inteiramente dedicado ao deus crocodilo, Sebek. Em Médinet Madi existe um pequeno templo datado do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) que está bem conservado. Ele é dedicado à deusa cobra Renenutet e ao deus crocodilo Sebek. Na dinastia ptolomaica (304 a 30 a.C.) esse templo foi aumentado ao norte por um segundo templo e ao sul o templo original também foi prolongado. Em 1998 e 1999, pesquisadores da universidade de Piza chefiados pela arqueóloga Edda Bresciani, descobriram no local um terceiro templo, também da época dos Ptolomeus e também bem conservado, que foi chamado pelos estudiosos de templo duplo, porque foi dedicado a dois deuses crocodilos Sebek. Junto ao templo, datado do segundo ou terceiro séculos anteriores a Cristo, foram descobertos dois anexos de um tipo e destinação absolutamente únicos na arqueologia egípcia. Cada anexo revelou a existência de 30 a 40 ovos de crocodilo, enterrados metodicamente na areia, a maior parte contendo embriões em diferentes etapas de evolução. Esses ovos e ainda a presença nos dois anexos de um tanque quadrado com cerca de 30 cm de profundidade permitiram concluir que se tratava de uma espécie de berçario dos crocodilos sagrados, destinado à eclosão dos ovos. É a primeira evidência que se tem de que os egípcios criavam estes répteis mortais a partir dos ovos, para adoração e oferenda em sacrifício ao deus crocodilo Sebek. Sem dúvida, os répteis recém-nascidos passavam algum tempo na água dos tanques antes de serem sacrificados, mumificados e vendidos aos devotos daquela divindade que vinham em peregrinação ao templo e que, então, podiam ofertá-los como ex-votos na capela da necrópole local dos animais sagrados. A prática de sacrificar animais recém-nascidos é bem conhecida no antigo Egito para várias espécies de animais sagrados, principalmente gatos, mas é a primeira vez que se encontra algo semelhante com relação aos crocodilos.

PERCEVEJO Os percevejos, ao lado um deles num close especial para você numa foto da pesquisadora Eva Panagiotakopulu, vêm incomodando os seres humanos há pelo menos 3350 anos, segundo revelaram pesquisas realizadas em Tell el-Amarna por aquela cientista. As áridas condições nas bordas do deserto egípcio se constituem num excelente meio para a preservação de materiais biológicos. Os arqueólogos têm encontrado com frequência restos de vertebrados e de plantas nas tumbas. Recentemente estudos paleontológicos detalhados forneceram material para estudo de restos de insetos. Nas proximidades da cidade fundada por Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.), a assim chamada aldeia dos trabalhadores provavelmente abrigou os operários das tumbas e, possivelmente, durante o reinado de Tutankhamon (c. 1333 a 1323), um contingente de guardas. Nesse local foram obtidas, em montes de esterco primitivos, amostras de insetos para análise. Além de numerosas pestes que atacam cereais estocados, foram detectadas espécimes de moscas, pulgas e percevejos. As moscas domésticas eram muito comuns no Egito e aqui foram encontradas na forma de pupa, ou seja, no seu estágio intermediário entre a larva e o inseto adulto, inclusive alguns exemplares com os restos da mosca adulta ainda no interior da pupa, sem terem conseguido emergir. As larvas do inseto dão cria em restos de plantas e animais em decomposição em condições úmidas. Vários espécimes de pulgas humanas também foram encontradas na aldeia dos trabalhadores.
Quanto aos percevejos, provavelmente, eram originariamente parasitas dos morcegos das cavernas, tendo daí passado para as residências, onde certamente incomodavam muito, já que podem sugar uma pessoa por um período de três a quinze minutos até se saciarem. Esse é o primeiro registro histórico que se tem da associação entre o ser humano e o percevejo. O percevejo comum se alimenta de sangue humano. Passa o dia escondido em rachaduras e fendas em quartos e mobílias, e emerge para se alimentar à noite. Eles também se alimentam do sangue de morcegos, galinhas e coelhos.
Em papiros médicos datados de 1500 a.C. já são citados inseticidas contra pragas. Uma das formas de proteger os cereais estocados consistia em espalhar cinza ou minerais em pó em volta dos armazéns. Esses produtos, por serem abrasivos, injuriam o corpo dos insetos e podem também matá-los por desidratação. Na antiguidade clássica, surpreendentemente porém, acreditava-se que o percevejo tivesse propriedades médicas e ele era usado, juntamente com outras substâncias, contra uma série de doenças.

CABELO DE RAMSÉS II

Um francês, chamado Jean-Michel Diebolt, colocou à venda pela Internet mechas de cabelo, amostras de resina de embalsamamento e fragmentos de bandagens supostamente tirados da múmia de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.). Interrogado pela políca francesa a pedido das autoridades egípcias, ele alegou que o material lhe havia sido entregue por seu pai, o qual teria trabalhado na equipe que analisou a múmia do faraó entre 1976 e 1977.
Com 50 anos de idade, Jean-Michel mora na região de Grenoble, no sudeste da França, é carteiro e escreve para um jornal daquela localidade. Em sua residência a polícia encontrou uma dúzia de pequenos sachês de plástico e caixas contendo amostras minúsculas de cabelo e pano, que ele alega serem de Ramsés II.
Em um site ele oferecia as mechas de cabelo por 2.000 euros e informava que também dispunha de pedaços de tecidos da múmia para venda. Prometia fornecer, ao eventual comprador das relíquias, fotografias e certificados para provar a autenticidade do material. Explicava: A uma equipe de quatro investigadores, que incluia meu pai, foi dada a tarefa de analisar o cabelo, as resinas, e os pedaços de bandagem na Atomic Energy Commission (CEA) de Grenoble. Como prova, posso fornecer uma cópia dos resultados destas análises. E acrescentava: Eu sou a única pessoa a possuir esse material e como não há qualquer outra amostra retirada da múmia, que está agora no Cairo, o dinheiro que estou pedindo pela venda é compatível com a raridade dos objetos.
De fato, a Comissão de Energia Atômica de França confirmou que seus pesquisadores fizeram duas análises da múmia em 1977 para um museu francês. Um dos procedimentos foi a desinfecção com uso de radiação, pois um fungo raro estava corroendo o cadáver. O outro, foi uma análise de três fragmentos de cabelo que não foram retirados da cabeça, mas estavam agarrados à mortalha da múmia. Confirmaram, ainda, que amostras de cabelo e bandagens haviam sido enviadas para análises em 40 laboratórios, inclusive um deles em Grenoble, e não existem notícias sobre o que haveria restado destes fragmentos. Até a L'Oreal de Paris, o gigante dos laboratórios de cosméticos, recebeu uma amostra do cabelo para exames. Concluíram que o faraó era naturalmente ruivo, ou usava tintura de cabelo produzida com hena.
Confirmada que foi a veracidade das palavras de Jean-Michel, as autoridades egípcias, por via diplomática, solicitaram a devolução do material ao Egito. Um grupo de arqueólogos egípcios foi enviado à França e trouxe de volta o que havia sido apreendido em poder do francês. Acima, a foto que constava no site que oferecia as relíquias.

Uma pesquisa de 2005 sugere que o petróleo e seus subprodutos já eram comercializados há pelo menos 3000 anos atrás no Oriente Médio, a mesma região que domina a produção mundial e a exportação de óleo cru atualmente. A evidência do fato veio de uma fonte surpreendente: as múmias. Os cientistas acharam piche em várias das antigas múmias egípcias. Uma vez que cada lote de piche contém substâncias químicas próprias, os pesquisadores puderam rastreá-las até suas origens. Considerando que o estudo concluiu que fontes de óleo cru estavam espalhadas por centenas de quilômetros em todo o Oriente Médio, os investigadores acreditam que os antigos egípcios não só utilizavam o produto, mas também o comercializavam, usando rotas que mudaram pouco durante milênios. Os egípcios usavam principalmente piche, que pode surgir naturalmente quando o óleo cru fica exposto ao ar. Longas viagens foram realizadas na busca dessa substância, pois ela era usada no processo de mumificação. A própria palavra múmia é derivada da palavra árabe mumiya que significa betume, um componente do piche. O piche retém traços da matéria orgânica que originalmente o produziu, tornando possível determinar de onde veio o produto. Uma parte do piche usado pelos egípcios veio de um local chamado Gebel Zeit, que em árabe significa Montanha do Óleo, situado no Golfo de Suez; outra parte se originou a centenas de milhas de distância, no Mar Morto, perto de Israel. É provável que as pessoas fora do Egito também usassem piche, embora nesse caso não servisse para preservar os corpos. O piche era uma espécie de fita adesiva do mundo antigo e também há evidência, em pelo menos uma localidade egípcia, de que o piche era usado como combustível no processo de fabricação de vidro. Sabemos ainda que em outras regiões o produto foi usado para calafetar barcos e em alguns casos acreditava-se que tivesse propriedades medicinais.





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